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Arquitetura Brutalista



A arquitetura brutalista é um estilo arquitetônico que surgiu pós 2ª Guerra Mundial, com a necessidade dos países Europeus de se reerguerem devido a tanta devastação. Por canta disso, houve-se a necessidade da utilização de materiais mais baratos e robustos, ou seja, com menos sofisticação, na construção das grandes obras, focando em sua funcionalidade ao invés da estética.

Um estilo de arquitetura marcante, o brutalismo vem do termo francês “béton brut”, que em português, quer dizer “concreto bruto”, que veio a ser consolidada as suas características pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier, que aplicou esse estilo pela primeira vez em sua obra Unité d’Habitation em Marselha, França (1946).

Foto: Erik Moran | Fonte: Archdaily
Le Corbusier (Unité d’Habitation) Marselha, França (1946)
Foto: Erik Moran | Fonte: Archdaily

As obras foram surgindo por vários lugares da Europa e pelo mundo, num mesmo período de tempo, vindo com grande intensidade em países como França, Alemanha, Itália, assim como, no Japão, Estados Unidos, Canadá, Israel, Austrália e Brasil, refletindo a cada país em suas obras, o seus momentos e suas necessidades.

Kenzo Tange (Nichinan Cultural Center) Nichinan, Japão (1963)
Foto: Kenta Mabuchi | Fonte: SOSbrutalism

Mathers e Haldenby, Warner, Burns, Toan e Lunde (The John P. Robarts Research Library)
Toronto, Canadá (1973)

Moshe Safdie (Habitat 67) Montreal, Canadá (1967)
Foto: Eva Blue | Fonte: mtl.org

Fritz Gerhard Mayr (Wotruba Church) Viena, Áustria (1974)
Foto: Denis Esakov | Fonte: Archidaily

Luis Kahn (Salk Institute for Biological Studies) San Diego, Califórnia (1960)
Foto: Liao Yusheng | Fonte: Archidaily

Charles F. Murphy (J. Edgar Hoover Building – Quartel General do FBI) 
Washington, EUA (1965-1975) Fonte: Wikimedia

Mihajlo Mitrovic (Western City Gate) Belgrado, Sérvia (1977)
Fonte: designboom

Clorindo Testa, Francisco Bullrich e Alicia Cazzaniga (Biblioteca Nacional)
Buenos Aires, Argentina (1971-1992)
Foto: Priscila Castilho | Fonte: Arquivo Pessoal

Sua linguagem arquitetônica era diferenciada por colocar vigas, pilares e demais elementos estruturais em destaque, como o concreto armado, a madeira e o aço, que passaram a ser os protagonistas nesse estilo, mas que muitas das vezes, as obras brutalistas foram consideradas “feias”, por conta de irem totalmente o contrário da linguagem antes em evidência dos estilos neoclássico e o neogótico, que são cheios de adornos e detalhes.  

No Brasil, a arquitetura brutalista surge a partir dos anos 50 em obras no Rio de Janeiro e em São Paulo, que ganham certo destaque pela nova geração de arquitetos, que diferente dos europeus, vão trazer mais elegância e proporcionalidade através de seus projetos, que coincidentemente surge no mesmo período que se dá início ao concurso e construção de Brasília.

Esse estilo inicia-se no Rio de Janeiro com a construção do MAM – Rio (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) projetado pelo arquiteto carioca Affonso Eduardo Reidy, mas o estilo vem a se destacar de fato, em São Paulo, onde surge a nova geração de arquitetos que ficou conhecida como Escola Paulista ou "Brutalismo Paulista", liderada pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas.

Afonso Eduardo Reidy (MAM Rio – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) 
Rio de Janeiro, Brasil (1948)
Foto: Fernando Lemos | Fonte: O Globo

Vilanova Artigas, que é quem vai ganhar um enorme destaque nesse período, que através de seus projetos, expressou sua ideologia e que fez crescer a arquitetura paulista, sendo um dos criadores da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), que hoje representa a arquitetura moderna do país, se destacando nos usos do concreto bruto, do vidro e da simplicidade de suas linhas.

Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi (FAU-USP – Universidade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) São Paulo, Brasil (1961)
Foto: Fernando Stankuns | Fonte: Archidaily

O estilo então, passa a ser não somente um conceito estético e funcional, mas também político, o que faz em 1968, Vilanova Artigas ser afastado do cargo de professor da USP onde o regime militar considerou que seus edifícios refletiam a ideologia de esquerda em espaços abertos e facilitavam a realização de grandes manifestações. Resultando no exílio do arquiteto, que só retornou ao Brasil em 1979, mas que independente disso, a arquitetura brutalista se espalha por São Paulo e vira um grande marco na cidade.

 
Hans Broos (Centro Paroquial São Bonifácio) São Paulo, Brasil (1965)
Foto: Ricardo Amado | Fonte: Archidaily

Joaquim Guedes (Igreja de Vila Madalena) São Paulo, Brasil (1956)
Foto: Babi Carvalho | Fonte: Archidaily

Marcelo Accioly Fragelli (Estação Armênia do Metrô) São Paulo, Brasil (1975)
Fonte: hypescience.com

Lina Bo Bardi (MASP – Museu de Arte de São Paulo) São Paulo, Brasil (1961)
Fonte: topensandoemviajar.com

Lina Bo Bardi (SESC Pompéia) São Paulo, Brasil (1986)
Foto: Marcus Lanz | Fonte: Infoartsp


Por: Priscila Castilho Nunes.

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